terça-feira, 11 de março de 2014

Conhece-te a ti mesmo

“Nosce te ipsum”

A velha máxima proposta por Sócrates na antiguidade representa até hoje a fórmula para o progresso moral do homem. Conhecer a si mesmo é o princípio regenerador que deve nortear a busca do nosso desenvolvimento pessoal e, por consequência, a transformação do meio em que vivemos.

Espíritos em evolução necessitam estagiar em mundos de provas e expiações, o que nem sempre constitui tarefa fácil. Não raro, o retorno à vida física significa para o Espírito uma existência dolorosa, carregada de dificuldades e sofrimento.

Contudo, raramente compreendemos que o sofrimento de agora é o reflexo de uma ação negativa no pretérito. Todos estamos sujeitos à lei de causas e efeitos, que é a prova da misericórdia Divina, que nos concede nova oportunidade de regeneração.

Então, se nossas maiores aflições são consequências de nossos atos, a chave para conquista da felicidade e da paz interior que tanto almejamos está em nossas mãos. O autoconhecimento nos remete à análise de nossas virtudes e principalmente de nossas falhas, proporcionando-nos uma oportunidade para redenção.


Allan Kardec em "O Livro dos Espíritos" indaga a Santo Agostinho sobre o assunto:

919 - Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

"Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo."  (Allan Kardec - O Livro dos Espíritos.)

O homem pode não apresentar dificuldades em destacar suas próprias virtudes, mas o mesmo não acontece ao apontar seus erros, talvez, influenciado pelo amor próprio que é inerente à natureza humana.

Mas como é possível conhecer a si mesmo?

Ainda na mesma questão da obra básica do Espiritismo, Santo Agostinho explica que o autoconhecimento é uma prática diária, onde é possível arguir à própria consciência o que de proveitoso realizamos durante aquele dia e, principalmente, quais foram as ações negativas praticadas contra nós e nossos semelhantes. Desta forma, passamos a conhecer nossos erros, permitindo-nos iniciar a reforma íntima tão lembrada pela Doutrina Espírita.

[...]"Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado." (Santo Agostinho - O Livro dos Espíritos)

As Leis Divinas estão gravadas em nosso Espírito, basta consultar a própria consciência para saber se estamos agindo de acordo com os princípios morais instituídos pelo Criador. Contudo, influenciado pelo orgulho e a vaidade ou simplesmente por ignorância, é possível negligenciar a razão e, então, faz-se necessário colocar em prática a recomendação do Cristo: [...] "Em tudo, faça aos outros o que você quer que eles lhe façam; nisto se resumem a lei e os profetas". (Jesus Cristo, em Mateus, 7:12.)

Trocar de lugar com o semelhante constitui a melhor forma de avaliar nossa conduta. Será que o que gostaríamos de receber é o mesmo que estamos proporcionando a outrem?

Outro parâmetro de avaliação que pode nos proporcionar autoconhecimento são as críticas dirigidas a nós. Faz-se necessário aceitá-las com bom ânimo ao invés de encará-las como ofensa. Levemos em conta as advertências de nossos inimigos que muitas vezes nos fornecem o espelho para enxergarmos nossas fraquezas.

Como podemos analisar, conhecer a si mesmo é ferramenta indispensável para o progresso moral. O autoconhecimento é tão importante que nos fora revelado na antiguidade, antes mesmo da passagem do Cristo na Terra, através da filosofia socrática.

Para o Espiritismo, Sócrates é tido como um dos precursores da Doutrina codificada por Allan Kardec, pois cultivou o campo e semeou o princípio do autoconhecimento, construindo toda sua filosofia que está alicerçada sobre este preceito: ''Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses''. (Sócrates)

Referência:
O Livro dos Espíritos - Allan Kardec

*Texto extraído no site de O Consolador em Crônicas e Artigos, Ano 7 - N° 353 - 9 de Março de 2014 por ANDRÉ LUIZ ALVES JR.