quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sobre o outro

A doutrina espírita, como uma filosofia de fundamentação moral, encontra ressonância nos mais expressivos pensadores do mundo. Tanto no que se refere à arte de pensar e refletir da antiguidade, quanto nas mentes mais lúcidas e coerentes de todos os tempos.
 
Ao pensar no por quê do Ser na sua saga através do processo contínuo da evolução sublimada, o Espiritismo desvenda os véus  que mantinham na ignorância o homem, que se contentava com as ideias infantis de um céu ou de um inferno localizados por aí, pelas  latitudes cósmicas.
 
Desvendando o papel da morte como continuidade da vida, lança esperança renovada na realidade do espírito imortal. Ninguém morre. Todos continuam, na outra dimensão da vida, na busca e na lutar por caminhos melhores. Quem se acomoda ao nada,  nada  encontra, a não ser a angústia de continuar vivendo as próprias criações.
 
A criatura que desperta para a luz do conhecimento que é “caminho, verdade e vida”,  encontra o norte das revelações, pautadas na mais envolvente misericórdia e na mais magnânima justiça. A cada um segundo suas obras,  cada qual  com seus talentos multiplicados ou escondidos, móvel de ganho ou perda. Ganho que sinaliza melhor destino. Perda que mantém cativo o inconsequente à sua própria inércia. Sofre quem não sai do lugar. Liberta-se aquele que segue o exemplo do Crucificado, vence o mundo e a si mesmo, superando as convenções ilusórias do materialismo.
 
No mundo antigo verificamos, tanto em Sócrates como através de Platão, os princípios que compõem as determinações filosóficas da doutrina espírita, que envolve, em seu arcabouço, a filosofia, a ciência e a religião.
 
Expondo o pensamento de Sócrates, Platão afirma que o homem é uma alma encarnada. “Antes de sua encarnação, ela –a alma - existia, unida aos tipos primordiais, às ideias do verdadeiro, do bem e do belo. Separa-se deles, encarnando, e, recordando o seu passado, podendo ser  mais ou menos atormentada pelo desejo de voltar a ele.”
 
Vê-se, aí, a crença na preexistência da alma, que guarda vaga intuição de um outro mundo, que pressente existir. Este é  mais um dos fundamentos da doutrina espírita.
 
Quando despida do corpo,  a alma, guarda os traços evidentes do caráter e das feições e  afeições que lhe marcaram a existência. A maior desgraça, que pode acontecer ao homem, dizem os sábios pensadores da antiguidade, é chegar ao porto final da vida com a alma imersa nos crimes que engendrou ou cometeu.
 
Segundo Sócrates, os que viveram na Terra se encontram após a morte e se reconhecem. Mostra o Espiritismo que as relações continuam entre aqueles que se amaram ou que se odiaram. A vida continua. A morte não muda ninguém.
 
Isto está bem claro na Doutrina dos Espíritos, também. O Espiritismo fornece a chave para as relações existentes entre a alma e o corpo. Prova que um reage incessantemente sobre o outro.
 
*(Elzi Nascimento, psicóloga clínica, escritora / Elzita Melo Quinta, pedagoga, especialista em Educação, escritora, responsáveis pelo blog espírita: luzesdoconsolador.com, escrevem  no DM aos domingos, e-mail: iopta@iopta.com.br) no site Diário da Manhã.