quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Mudar o mundo, a partir de si mesmo

É muito fácil percebermos que grande parte da nossa sociedade vive hoje numa espécie de loucura coletiva. Valores como compaixão, fraternidade, honestidade, cooperativismo, amor e união, que deveriam servir como base ética e moral, foram trocados, por muitos, por uma ambição descontrolada, pela sede insaciável de poder, prazer e fama, onde só os que estão em destaque merecem ser reconhecidos como pessoas de sucesso.
 
Não tenho nada contra o prazer, o poder, a riqueza... O que chamo atenção, aqui, é para o fato de que essas conquistas se tornaram fundamentais para que muitas pessoas consigam se sentir realizadas, felizes. Por que isso está acontecendo? Simples: porque ainda não conseguimos resolver nossas dificuldades internas (carências, medo, solidão, etc.) que carregamos há milênios. A cada encarnação revivemos determinados dramas morais, deixando gravado em nosso subconsciente traumas e dores, e para fugir do sofrimento buscamos várias formas de fuga, que acabam nublando nossa capacidade de enxergar e lidar com nossa realidade interna por trás das máscaras. De quem é a culpa? Nossa, é claro!
 
Por outro lado, todas as experiências na vida podem nos servir de aprendizado. Deste ponto de vista, não existe o certo e o errado. Tudo pode ser oportunidade para que nos tornemos mais sábios. Porém, como disse Jesus, segundo Mateus, 18:6-11: “É preciso que venha o escândalo, mas ai daquele por quem vem o escândalo”. Frase sábia, mas muito pouco compreendida pelas criaturas humanas que, apesar de possuírem uma capacidade ilimitada de transcendência, ainda são muito limitadas por sua própria realidade egocêntrica.
 
Se refletíssemos mais nas palavras atribuídas a grandes sábios, como Buda e Jesus, por exemplo, compreenderíamos a verdadeira necessidade da autotransformação, espargindo a luz do amor e o perfume da paz a cada passo da nossa jornada.
 
Mas essa transformação, que começa em nós, deve se refletir na sociedade como um todo. É muito fácil colocarmos um criminoso na prisão. Difícil é aceitarmos que, enquanto muitos buscam ansiosamente pelo supérfluo, outros morrem na miséria, sem ter o necessário. Para combater o crime, não basta a punição. É preciso educar as almas com mais amor.
 
Os pais não podem deixar seus filhos totalmente entregues às influências do meio. O diálogo e a vivência familiar de todas as noites devem existir sempre. Os professores instruem, mas a valorização da ética, do respeito e, principalmente, da vida, que afasta o jovem das drogas, são os pais que devem dar, pelo próprio exemplo.
 
E os espíritas? Muitos palestrantes espíritas não percebem a diferença entre divulgar e comunicar. Divulgar é informar, mas comunicar é entrar em contato profundo com o outro. Para comunicar é preciso o sentimento. E você? O que tem feito para mudar?
 
*Texto extraído do site da Revista Cristã do Espiritismo, por Victor Rebelo.