terça-feira, 30 de setembro de 2014

O amor é uma decisão

Motivo de conversas de botequim, passando por músicas, poesias e reflexões dos grandes filósofos, o tema “Amor” sempre esteve em pauta desde que o mundo é mundo.
 
E o tema, claro, não passou despercebido pelo codificador do Espiritismo, Allan Kardec, que fez várias referências ao amor. Entretanto, destaco esta que considero esclarecedora e consta na questão de 938 de O livro dos Espíritos:
 
Vejamos o que Kardec comenta:
 
“A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Dá-lhe ela, assim, as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos Espíritos perfeitos, onde tudo é amor e benignidade. Desse gozo está excluído o egoísta”.
 
Belíssimo comentário. Temos, todos, a necessidade de amar e de ser amados. Uma via de mão dupla. A felicidade que gozamos está no dar e receber e não apenas no receber.
 
Entretanto, todos querem, na maioria das vezes, receber o amor. Afinal, quem não quer ser amado? Seja amor de pai, mãe, irmãos, amigos, todos almejam ser amados. Por isso, nestas breves linhas abro uma brecha e pretendo convidá-los a refletir:
 
Queremos tanto ser amados, mas... será que amamos na mesma proporção em que somos amados?
 
Eu amo! Dirão muitos.
 
No entanto, será que amamos realmente?
 
Costumo indagar à plateia nas palestras: O que você faria se o amor de sua vida lhe dissesse “Descobri que o meu caminho não é mais com você. Peço, pois, licença para despedir-me e seguir minha vida de outra forma”?
 
Será que diríamos: Se é esta sua decisão, embora triste eu a respeito e torcerei pela sua felicidade! Ou será que diríamos: Ingrato (a)! Depois de tantos anos me abandona. Ah, pagará caro!
 
Será que o nosso amor é tão grande a ponto de respeitar a decisão do outro? Fácil? Claro que não, até porque poucos de nós têm o desprendimento necessário para amar desta forma.
 
Outro dia em conversa com um amigo, ele me disse: O amor é uma decisão! E arrematou: O amor é o mais nobre dos sentimentos e quando eu decido amar alguém tenho que estar ciente de que esta pessoa poderá não me amar da forma como eu a amo.
 
Confesso que de início não concordei. Sempre achei que não escolhemos amar, que o amor entra sem pedir licença.
 
E fiquei a refletir por alguns dias até chegar à conclusão de que o amigo, um filósofo, estava certo: O amor é mesmo uma decisão! Eu escolho amar, respeitar, compreender. Descobri, então, que quem entra sem pedir licença é a paixão, avassaladora como sempre, mas o amor não.
 
E amar equivale a, sobretudo, respeitar as decisões do outro, mesmo que estas nos excluam. O que fazer diante do ente que nos deixa? O que fazer em face do amor que se vai? Quem ama respeita o direito de escolha do outro, sempre.
 
Eis porque amar nos faz exercitar o que temos de mais belo em nosso ser que são as virtudes de respeitar, compreender, renunciar, abdicar e tantas outras mais.
 
Se é bom ser amado, se é nosso objetivo sermos amados, tenhamos a certeza de que amar é ainda melhor.
 
Amar é uma decisão, uma sábia decisão e, como seres pensantes, podemos decidir amar a qualquer momento. Eis um exercício diário e constante para nosso aperfeiçoamento como seres humanos.
 
O amor, ah!, o amor é sempre uma decisão diria meu amigo filósofo!
 
*Texto por WELLINGTON BALBO em O Consolador.