quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Pesquisa científica avalia veracidade das cartas de Chico Xavier

RIO — O domingo de 3 de fevereiro de 1974 prometia muitas alegrias para o estudante de Engenharia Jair Presente. Ele havia saído de casa, onde morava com os pais e a irmã, para um animado fim de semana com os amigos. Mas, o passeio terminaria em tragédia: Jair morreria afogado na Praia Azul, em Americana, a 37 quilômetros de Campinas. A história do rapaz, porém, não acabaria ali. Ele teria escrito 13 cartas após a morte, reproduzidas em psicografias do médium Chico Xavier. Quarenta anos depois, uma pesquisa científica investigou o conteúdo das mensagens e comprovou a autenticidade das informações.
 
O resultado do trabalho foi publicado pela revista científica “Explore”, da Editora Elservier, sediada em Amsterdã, na Holanda.
 
– Estas cartas produzem informações verificáveis. Não são informações genéricas. Trazem nomes de pessoas, situações que aconteceram, e estas informações eram, de modo geral, verídicas – observa o psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, o diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes), da Universidade Federal de Juiz de Fora, o orientador da pesquisa.
 
O estudo das cartas atribuídas a Jair Presente é o primeiro de uma série realizada pelos pesquisadores Alexandre Caroli Rocha e Denise Paraná, resultado do trabalho de pós-doutorado, parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
 
– A grande discussão que existe no meio acadêmico é se estas cartas, efetivamente, proporcionam evidências, informações verídicas, sobre a pessoa falecida, e se o médium não teria tido acesso por meios normais. Esta é a grande pergunta – atesta Almeida, também coordenador das seções de Espiritualidade e Psiquiatria da Associação Mundial de Psiquiatria.
 
O médium Chico Xavier, que morreu em 2002, chegou a ser acusado de infiltrar seguidores entre o público durante as seções espíritas, justamente para conseguir informações essenciais e inseri-las nas cartas. A acusação sempre foi refutada por admiradores do médium.
 
– A grande limitação do estudo – reconhece Almeida – é que estamos analisando fatos que aconteceram 20, 30 anos atrás. É difícil ter certeza do grau de informações passadas para Chico Xavier.
 
A metodologia da pesquisa incluiu entrevistas em profundidade com familiares e pessoas que tiveram acesso aos fatos, além da checagem de recortes de jornal e de outros documentos.
 
– Houve casos, por exemplo, nos quais nem as pessoas que foram obter a carta com Chico Xavier tinham aquela informação que estava na mensagem – observa Almeida –. Apenas posteriormente foi feita uma investigação pelos próprios familiares para descobrir que aquelas informações eram também verídicas.
 
A pesquisa, porém, não é a comprovação de que as cartas foram mesmo escritas por alguém já morto, mas que as informações ali contidas são verdadeiras. Os pesquisadores se preparam para concluir as avaliações de conjuntos de mensagens de mais três casos psicografados por Chico Xavier. O médium passou pelo primeiro teste.
 
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